Os números da infelicidade por Guido Boabaid May, psiquiatra, psicoterapeuta e médico do Hospital Israelita Albert Einstein

Muito se ouve falar hoje em dia sobre Saúde Mental. Um tema que até pouco tempo era tabu hoje é trend. Felizmente. Whindersson Nunes se internou para cuidar da Saúde Mental, Gabriel Medina deu um tempo no circuito mundial de surf para cuidar de sua saúde mental, Simone Biles decidiu não fazer uma prova durante as Olimpíadas para preservar sua saúde mental… E por aí vai. Mas afinal, quantas pessoas comuns estão representadas por essas celebridades e que bradam ao mundo, sem medo, a clara mensagem: todos somos humanos, todos temos nossos limites mentais e precisamos cuidar disso!

Vamos aos números: mais de 10% da população brasileira tem Depressão, uns 30% têm transtornos de ansiedade, 1 a 2% tem Transtorno Bipolar e mais ou menos 6% das crianças e adolescentes tem TDAH. Fazendo uma conta de padeiro, considerando que mais de um transtorno pode coexistir em uma mesma pessoa, provavelmente estamos falando de mais de 77 milhões de pessoas – e se acrescentarmos dependência química, alcoolismo, esquizofrenia, TOC e TEA, e somarmos com seus devidos descontos estamos falando de algo entre 87 e 92 milhões de pessoas, ou seja, aproximadamente 41 a 43% da população do nosso “Brasil Varonil” pode estar sofrendo de pelo menos um tipo de transtorno mental. No trabalho: o Brasil é segundo lugar no mundo em Burnout com 30% de prevalência entre os trabalhadores; no ano passado tivemos mais de 472 mil atestados médicos devido transtornos mentais, 68% a mais do que em 2023 e o maior número em 10 anos. Na economia: 375 bilhões de prejuízo por ano no Brasil e mais de 1 trilhão de dólares no mundo.

Pois esses são esses então os números da infelicidade pelos quais estamos condenados? Na minha opinião: de jeito nenhum! Somente se permitirmos, somente se desejarmos. E isso faz sentido para você? Pra mim, não faz nenhum sentido! Se é verdade que nós, seres humanos do início do século 21, criamos um modo de vida que pode nos adoecer mentalmente, também é verdade que sabemos cada vez mais sobre o que precisamos fazer para viver mais e melhor e sobre como evitar e tratar boa parte das doenças mentais.

Guido Boabaid May, psiquiatra, psicoterapeuta, fundador e CEO da GnTech (Empresa de Biotecnologia pioneira e líder nacional em Farmacogenética) e médico do Corpo Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein

Já sabemos que tudo o sentimos e pensamos é produzido pelo cérebro e pela sua interação com corpo e o ambiente. Portanto, ter um corpo saudável é fundamental para ter um cérebro saudável e, por consequência, para uma boa saúde mental. Logo, um dos “pacotes” de solução para ter boa saúde mental é dormir bem, comer bem e fazer atividade física.

Sabemos também que o estresse prolongado desregula o corpo e o cérebro e é uma das principais causas de depressão e transtornos de ansiedade. Portanto aprender a fazer gestão de estresse também é fundamental para uma boa saúde mental. Também sabemos que, quando uma pessoa desenvolve sintomas leves de depressão e de ansiedade, as medidas acima citadas, associadas uma boa psicoterapia (quando necessário) pode ser suficiente para reverter o quadro. Mas quando os sintomas são moderados ou intensos, sem tratamento médico e medicamentoso a maiorias das pessoas não só não melhora como tende a piorar com o tempo – e quanto mais tempo demora para tratar pior ficam os sintomas.

E é nesses casos que precisamos de médicos psiquiatras, de medicamentos e de biotecnologia – e, graças aos deuses da medicina e da ciência, podemos contar com tudo isso! Hoje, aqui e agora.

Apesar da forte desinformação que existe por aí dizendo o contrário, antidepressivos funcionam sim: diminuem a inflamação cerebral, regulam os níveis de serotonina (e de noradrenalina e dopamina) e melhoram as conexões entre os neurônios bem como a saúde e eficiência deles – ou seja, protegem o cérebro dos danos causados por uma depressão não tratada.

E pra melhorar: atualmente já podemos contar com um teste genético que ajuda o médico a escolher os medicamentos mais adequados para cada indivíduo baseada na análise do seu DNA: é a chamada “Medicina de Precisão”.

Esse tipo de teste chama-se Teste Farmacogenético e substitui o método de tentativa e erro na escolha de medicamentos. O seu uso aumenta as chances de melhora, diminui as chances de efeitos colaterais e anda diminui o desperdício de dinheiro com remédios que não funcionam.

Agora que você já sabe de tudo isso, pense e responda (para você mesmo): você prefere fazer parte dos números da infelicidade ou prefere cuidar da sua saúde mental e ter uma vida plena e feliz?

Guido Boabaid May: Formado em Medicina pela UFSC (Universidade Federal de S.C.) em 1990; Especialista em Psiquiatria pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) em 1993; Professor convidado da Faculdade de Medicina da UNISUL Pedra Branca; Fundador e CEO da GnTech (Empresa de Biotecnologia pioneira e líder nacional em Farmacogenética) e Médico do Corpo Clínico Do Hospital Israelita Albert Einstein.

 

Apresentador, jornalista e influenciador com vasta experiência em conectar marcas, pessoas, empresas e negócios. É CEO e redator-chefe do portal “The Date News”, sendo uma figura presente e atuante nos meios artístico e corporativo.

Publicar comentário