“A cozinha é pra quem quer cozinhar, homem ou mulher, tanto faz”, diz chef Guga Rocha no Hello Val

Em entrevista reveladora ao podcast “Hello Val”, apresentado por Val Marchiori, o chef Guga Rocha defende a igualdade de gênero nas cozinhas e destaca sua trajetória única da música à gastronomia.

Guga Rocha começou sua jornada como músico em Maceió. De lá, migrou para São Paulo com uma banda de rock. No entanto, foi na gastronomia que encontrou seu verdadeiro propósito. Incentivado pela avó, Dona Edila, ele aprendeu os fundamentos da cozinha francesa ainda na adolescência. Curioso e autodidata, estudou Direito, Administração e Marketing, mas foi nos sabores que fez carreira.

Criador da cozinha tropicalista

Inspirado pelo movimento musical dos anos 1960, Guga idealizou a “cozinha tropicalista” — uma fusão de técnicas internacionais com ingredientes brasileiros. “Por que não transformar um mil-folhas francês usando tapioca e cupuaçu?”, questiona. Ele também pesquisa a culinária quilombola, promovendo a valorização de saberes ancestrais da cultura afro-brasileira.

TV, livros e empreendedorismo

O chef ganhou projeção na TV com participações em programas como “Hoje em Dia”, “Batalha das Receitas” e “Superchefe”, da Ana Maria Braga. Além da telinha, escreveu livros como Receitas da Minha Avó e Sabor Quilombola. Em tom provocativo, lançou também Receita para Pegar Mulher, que usa a gastronomia como linguagem para refletir sobre estereótipos.

Machismo na cozinha: “É um ambiente escroto”

Com fala direta, Guga criticou o ambiente machista da alta gastronomia. “Tem muito chefe otário que é babaca o mês inteiro. A cozinha precisa de respeito, não de grito”, afirmou. Ele lidera uma equipe diversa e valoriza o trabalho feminino em seus restaurantes, como o João Brasileiro (SP e Brasília) e a Tapioteca (Congonhas).

O Brasil na mala e o mundo no prato

Casado com a diplomata canadense Elis, Guga vive em Lisboa, mas mantém forte conexão com o Brasil. Está lançando um programa de viagens gastronômicas por 15 países, explorando culturas e sabores. “O importante é voltar a cozinhar em casa, com afeto”, disse, encerrando o episódio com um conselho simples e poderoso: cozinhar é um ato de humanidade.