Mile Lab lança nova coleção de roupas, na mesma semana do Dia do Funk, que retrata a energia noturna das periferias da cidade
Em comemoração aos 7 anos de história, Mile Lab lança uma nova coleção de roupas, o “Espetáculo Submundo”. A marca que retrata a luta e a força da periferia por meio da estética marginal, já participou da maior semana de moda da América Latina, o São Paulo Fashion Week, e agora apresenta seu mais novo projeto que carrega consigo uma imersão nos quatro cantos das ruas, explorando a noite periférica como um espaço místico e as ruas e vielas como uma entidade viva. O fashion film de lançamento aconteceu em 8 de julho, por meio do canal no YouTube.
Milena Nascimento – fundadora do coletivo criativo Mile Lab – sempre teve o desejo de dar visibilidade às manifestações culturais nascidas nas periferias, de São Paulo e do Brasil. Desta vez, a estilista pensou em uma coleção que retrate a energia noturna dos bairros marginalizados. ‘’O Espetáculo do Submundo tem como intuito captar a energia da noite periférica, do dançar em meio ao caos que permeia as vielas e entranhas das favelas; exaltar a beleza e aspectos que torna nós, quem somos”, explica Milena.
O lançamento oficial do projeto, que surgiu da criação do editorial e fashion film ‘’Espetáculo do submundo’’, acontece na próxima segunda-feira (8). Na mesma semana de sua estreia é comemorado em São Paulo o Dia do Funk, uma data criada para reconhecer o gênero como uma manifestação cultural “digna de zelo do Poder Público”.
A partir do funk a cultura periférica paulista pode se desenvolver, e ser o que conhecemos hoje. A lei estadual 16.310/2016 prevê que os artistas do genêro “sejam reconhecidos e protegidos contra qualquer tipo de discriminação e de desrespeito aos seus direitos profissionais”. Dentre os elementos mais fortes da cultura da periferia estão os bailes funk, que acontecem nas ruas e vielas da comunidade, e agitam a madrugada de vários jovens. É sobre isso que a Mile Lab buscou comunicar com sua nova coleção.
“Temos como propósito, construir a partir das vivências de rua, obras artísticas viscerais e fora da curva, dando vida ao imaginário coletivo que pulsa nas margens e aos atravessamentos espirituais pelos quais nossos corpos caminham ‘’, comenta a fundadora do coletivo.
O Espetáculo é uma celebração da vida periférica, um manifesto à prosperidade cultural e narrativa das comunidades marginalizadas, e um reconhecimento do caos como elemento fundamental na construção de identidades e cosmologias periféricas. A marca utiliza a moda marginal como ferramenta de comunicação e de transformação social. Por meio das roupas na estética periférica, são contadas histórias que também resgatam a ancestralidade dos afetos e suas trocas, com o intuito de construir uma identidade coletiva nas margens da cidade.
As ruas representam caminhos e possibilidades a serem criadas, além de educar, motivar e estimular os moradores das periferias, por isso a Mile Lab criou o projeto para dar reconhecimento a esse espaço comum e tão significativo. O Espetáculo Submundo não se limita a nova coleção da marca, a iniciativa também envolve o lançamento de um fashion film e um documentário que foram gravados pelas vielas do Grajaú, zona sul de São Paulo.
Sobre a Mile Lab
Fundada em 2017 por Milena Nascimento nos extremos da zona sul de São Paulo, Grajaú. Hoje, o coletivo é formado por Milena, Breno Luan, Andy Reis, Sabrina Rodrigues, Murilo Davi, Richard Rodrigues, Pimzera e Mateus Fernandes.
A Mile Lab nasceu como uma marca de moda de rua, e atualmente assume seu lugar no mundo enquanto Laboratório de Criação e Pesquisa de Moda Marginal, um ecossistema onde aspectos da cultura e suas manifestações atrelados a sustentabilidade e pertencimento, permite pensar no crescimento em coletivo, em capacitação e desenvolvimento sociocultural e econômico na comunidade.
O propósito da marca é contribuir com a legitimação da história e a ancestralidade de identidades negras e marginais, utilizando a moda por um viés educacional para potencializar e valorizar as múltiplas estéticas e intelectuais periféricas. Através da oralidade e indumentária como ferramentas de tecnologia ancestral.