A série Adolescentes, da Netflix, trouxe à tona questões fundamentais sobre os desafios enfrentados pelos jovens no mundo digital. Em uma análise profunda, a renomada psicóloga Dra. Renata Camargo destacou temas como bullying, cyberbullying, a normalização da violência nas escolas e o impacto da internet na saúde mental dos adolescentes. O que essa discussão nos ensina sobre o papel dos pais e educadores na formação de jovens mais conscientes e preparados para lidar com a realidade digital?
O impacto das redes sociais na saúde mental dos adolescentes
Nos dias de hoje, as redes sociais fazem parte da vida dos adolescentes de forma intensa e ininterrupta. Elas podem ser uma ferramenta poderosa para aprendizado, socialização e expressão, mas também representam riscos significativos. O fácil acesso a conteúdos inadequados, a pressão por aceitação social e a exposição a comentários negativos podem afetar a autoestima e até desencadear problemas emocionais graves.
O perigo aumenta quando os jovens não possuem maturidade para filtrar o que consomem e compartilham. Muitos adolescentes acabam medindo seu valor pelo número de curtidas ou seguidores, criando uma dependência emocional que pode levar à ansiedade e à depressão.
Bullying e cyberbullying: quando a brincadeira deixa de ser inofensiva
Um dos pontos mais alarmantes abordados na série Adolescentes é a banalização do bullying e do cyberbullying. O que antes acontecia dentro das escolas, hoje se estende ao ambiente digital, onde a exposição e a humilhação podem ganhar proporções ainda maiores.
Mensagens maldosas, brincadeiras ofensivas e a disseminação de imagens íntimas sem consentimento são algumas das formas de violência psicológica que os adolescentes enfrentam. O problema é que muitas dessas situações são vistas como “normais” ou “parte do crescimento”, quando, na verdade, podem deixar marcas profundas e até levar a tragédias.
Como destacou a Dra. Renata Camargo, uma mesma “brincadeira” pode ter efeitos diferentes dependendo da estrutura emocional do jovem envolvido. Alguns podem reagir com raiva; outros, se retrair e desenvolver transtornos psicológicos; enquanto alguns chegam a extremos, como o suicídio ou a agressão física.
O papel dos pais e educadores: supervisão e diálogo são fundamentais
Diante desse cenário preocupante, pais e educadores precisam estar atentos e envolvidos na vida digital dos adolescentes. Isso significa acompanhar o que os filhos fazem na internet, conversar sobre os riscos das redes sociais e, principalmente, ensinar valores como empatia, respeito e responsabilidade.
Além de observar se os filhos estão sendo vítimas de bullying, é essencial também avaliar se eles não estão praticando agressões contra outras pessoas. Muitas vezes, os pais tendem a proteger e justificar as atitudes dos filhos sem perceber que podem estar ignorando comportamentos prejudiciais.
O uso da internet deve ser orientado com limites claros. O tempo de exposição às telas, os tipos de conteúdo acessados e a forma como os adolescentes interagem nas redes precisam ser acompanhados de perto. Ao contrário do que muitos pensam, dar liberdade total aos filhos, sem qualquer supervisão, pode ser prejudicial. A liberdade deve ser conquistada à medida que o jovem demonstra responsabilidade no uso dessas ferramentas.

Educação digital: formando adolescentes conscientes no mundo online e offline
A internet não deve ser vista apenas como um problema, mas sim como uma realidade que exige preparo e educação. Os adolescentes precisam aprender a navegar pelo mundo digital com segurança, discernimento e ética. Para isso, é fundamental ensinar:
• Que o respeito ao outro deve existir tanto no ambiente físico quanto no virtual;
• Que nem tudo o que é postado na internet é real e que a comparação com influenciadores e amigos pode ser nociva;
• Que tudo o que é compartilhado online pode ter consequências, mesmo que pareça inofensivo no momento;
• Que pedir ajuda não é sinal de fraqueza, mas sim de maturidade e inteligência emocional.
A adolescência é um período de intensas descobertas e desafios, e o papel dos pais e educadores é fundamental para orientar esse processo. A série Adolescentes serve como um alerta sobre a gravidade de problemas que muitas vezes são subestimados.
Criar um ambiente saudável para os jovens, tanto no mundo offline quanto no online, exige diálogo, limites e conscientização. Afinal, formar adolescentes responsáveis no ambiente digital é tão importante quanto educá-los para a vida fora das telas.